Diabetes Gestacional e o acompanhamento nutricional

A Diabetes Gestacional é definida pela OMS (Organização Mundial de Saúde) como um subtipo de intolerância a carboidratos, de gravidade variável, identificada pela primeira vez durante a gravidez.

Existem dois diagnósticos possíveis para a diabetes descoberta na gestação, que são:

  • Diabetes Mellitus diagnosticada na gestação (DMDG), que significa que a mulher já estava diabética anteriormente à gestação, mas não era diagnosticada ainda. Esse diagnóstico é assumido quando o exame de Glicemia em Jejum, antes da 24ª semana de gravidez, tem o resultado maior ou igual a 126 mg/dL.
  • Diabetes Mellitus Gestacional (DMG), diagnóstico para mulheres que não eram diabéticas, mas passaram a ser por conta da gestação. O diagnóstico pode acontecer, em alguns casos, anteriormente ao Teste Oral de Tolerância à Glicose (TOTG), realizado entre a 24ª e 28ª semanas de gestação, através do exame de Glicemia em Jejum no primeiro trimestre da gravidez (1ª a 13ª semanas), o resultado da Glicemia em Jejum acima de 92 mg/dL é indicativo de DMG.

Existem alguns fatores de risco para a ocorrência da diabetes gestacional, ou seja, condições pré-existentes da mulher, ou de característica da gestação, que podem aumentar a chance da DMG ocorrer, como:

  • Obesidade;
  • Idade superior a 25 anos;
  • Histórico familiar e/ou pessoal de hiperglicemia (glicemia alta, pré-diabetes ou diabetes tipo 2 já resolvida);
  • Gestação gemelar;
  • Hipertensão (pressão alta);
  • Dislipidemia (problema de colesterol);
  • Tabagismo;
  • Sedentarismo;
  • Perda gestacional anterior sem causa aparente;
  • Macrossomia pregressa (quando o bebê nasceu pesando mais do que 4 kg em uma gestação anterior).

O diagnóstico de diabetes mellitus gestacional no primeiro trimestre de gestação é muito preocupante, porque esse é um período em que os hormônios da gestação ainda não deveriam estar promovendo um aumento significativo da resistência à insulina, que é o que pode causar a hiperglicemia (diabetes).

A diabetes não tratada ou não diagnosticada durante a gestação pode ter repercussões muito graves, tanto para mãe, quanto para o bebê, não só durante o período gestacional, mas também no parto, pós-parto, infância e vida adulta.

O acompanhamento nutricional é essencial para todas as gestantes diagnosticadas com a diabetes, uma vez que apenas um(a) profissional da nutrição é habilitado para prescrever uma dieta com as proporções ideais de cada macronutriente (proteína, lipídeos e carboidratos) para cada caso especificamente.

A(o) nutricionista deve acompanhar bem de perto a evolução da gestante com diabetes, juntamente com o(a) obstetra da paciente, para que, assim, o tratamento tenha sucesso. De modo geral, a conduta consiste em dieta adequada e prática de atividade física (treinos de força e aeróbios).

Ao longo da gestação, será necessária a medição de glicemia capilar ao longo do dia, todos os dias, portanto, é necessário que a gestante tenha o aparelho de medição e que os resultados sejam compartilhados com o profissional da nutrição que estiver acompanhando o caso, a fim de possibilitar a elaboração da melhor orientação alimentar possível.

De acordo com o Ministério da Saúde, 70% dos casos de diabetes gestacional são controlados com o ajuste da alimentação em conjunto com a prática de atividade física vigorosa. Quando este tratamento não é aderido de forma satisfatória, ou a gestante tem outros fatores agravantes, é iniciado o tratamento medicamentoso pelo(a) médico(a) obstetra e endocrinologista, com insulina ou medicamentos específicos para diabetes.

Mesmo com o tratamento medicamentoso, o acompanhamento nutricional e a prática de atividade física devem ser continuados para evitar os desfechos negativos a curto, médio e longo prazo.

Referências:

BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de Gestação de Alto risco. Brasília, 2022.COUTINHO, T. et al. Diabetes gestacional: como tratar?. Femina, Juiz de Fora, v.10, n. 38, out. 2010. Disponível em: <https://docs.bvsalud.org/upload/S/0100-7254/2010/v38n10/a1711.pdf>

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